Saturday, May 13, 2006

OLHOS NUS

Quando despido de razão, e sobre os
ombros pesava-me as vestimentas da
solidão, o coração parecia-me um orgão
atroz, ou talvez, quem sabe, um
sentimento puramente ingrato.

Vejo agora como dói a desconfiança de
uma vida inútil, inglória, injusta consigo
mesma. Resumindo, uma existência dormida.

Hoje, com a real presença do teu lépido amor,
certeza tenho que sonho, e o meu torpor já
não me consome mais, pelo contrário,
alegra-me, pois a minha falta de estímulos
não é mais tristeza, muito menos fraqueza moral.

Digo-te com verdade, é prazer desmesurável
jamais auferido até pelos mais ardentes enamorados;
é tentar secar-se e, sem conseguir, embeber-se na fonte
onde encontra-se mergulhada a minha terna alma.

Toque-me. E sinta como bem fechados estão os meus olhos.
Olhá-la, para isso já não servem mais, pois sentimento
tão irreal como este que me possui, não pode ser
palpado, nem vivido: tão somente sentido.

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