Tuesday, May 30, 2006

COINCIDÊNCIA: É ISSO QUE A VIDA É.

Depois de tanta procura,
enfim, encontram-se.


Em uma imagem, dois
olhares que se cegavam.


Num aperto, duas
mãos que se chamavam.


Em uma palavra, dois
corações que se clamavam.


Num beijo, duas
bocas que se calavam.


Em um desejo, dois
corpos que se afastavam.

E, numa coincidência, duas
vidas que há muito se ansiavam.

Áspera dor, no peito aflito,
a todo instante sofria.
Se um sorriso dei, foi porque
felicidade facilmente mentia.

Em outros amores,
nunca quis insistir,
pois sabia o quanto custava
à vida, a vida afastado de ti.

Furta, a pressa, ao sonho.
E o teu canto, é despedida.
Penoso é me acostumar,
com o momento da partida.

Mas mágoa, em mim,
está ausente.
Aprendi que rancor, só
faz mal pra quem sente.

Vai, te desejo sorte
em tua nova jornada.
E quando estiveres longe
e despreocupada, quero que saibas:

Tinha mais força
o amor que eu te entregava.

Mais desejo
o carinho com que te afagava.

Tinha mais prazer
o gozo que eu suspirava.

E mais fantasia
a vida que me encantava.

Por isso, sofro a dor,
pois o amor, desperdiçavas.

Thursday, May 18, 2006

SOPRO DE ESPERANÇA

Sopra-me o vento, e faz-me sentir o
prenúncio de novas possibilidades.

As lágrimas que inundavam os olhos
fartos de angústia, a brisa suave do teu
amor secou.

Assim, atiro-me em um furação de
sentimentos, como a criança que se
lança às cegas do trampolim.

Avisado estou que posso me machucar.
Deste perigo, tenho ciência, e aceito.

O que a minha razão e o meu sentimento
sofrem violentamente, é o medo de perdê
-la ou a impossibilidade de têla para mim.

Sei também que o sopro que te compôe,
nesse, eu não posso confiar, pois, embora
me envolva de forma cálida e protetora, o
salitre da ingratidão de que são feitas todas
as brisas, pode ferir de morte o meu coração.

Entretanto, inútil é a embarcação que não lanca,
aos ventos do oceano, as suas velas.
Embora o risco de rasgar, dilacerar ou destruir
o que me move esteja vivo, continuo avançando
entusiasmado a você.

Vejo que me cai melhor velejar em
situação tempestuosa, que ficar flutuando a
deriva no mar dos amargores.

Saturday, May 13, 2006

OLHOS NUS

Quando despido de razão, e sobre os
ombros pesava-me as vestimentas da
solidão, o coração parecia-me um orgão
atroz, ou talvez, quem sabe, um
sentimento puramente ingrato.

Vejo agora como dói a desconfiança de
uma vida inútil, inglória, injusta consigo
mesma. Resumindo, uma existência dormida.

Hoje, com a real presença do teu lépido amor,
certeza tenho que sonho, e o meu torpor já
não me consome mais, pelo contrário,
alegra-me, pois a minha falta de estímulos
não é mais tristeza, muito menos fraqueza moral.

Digo-te com verdade, é prazer desmesurável
jamais auferido até pelos mais ardentes enamorados;
é tentar secar-se e, sem conseguir, embeber-se na fonte
onde encontra-se mergulhada a minha terna alma.

Toque-me. E sinta como bem fechados estão os meus olhos.
Olhá-la, para isso já não servem mais, pois sentimento
tão irreal como este que me possui, não pode ser
palpado, nem vivido: tão somente sentido.

DESVENTURADO

Embora te odiando, e, do mesmo jeito mal
respirando, continuo teimosamente a te amar.

Dize-me agora para não me aproximar sem te
conhecer. Mal avisado que sou, acabei
apaixonado sem perceber.

A angústia já consome a esperança,
apesar de tudo o que fiz, te adorando da
maneira que não quis. Para mim, fica a
saudade como herança.

No entanto, a tristeza emudece-me e o
infortúnio fala por mim. Assim, busco
nesta paixão madrasta, a retirada pra dizer
que, te amo e nunca vou te esquecer.

Friday, May 12, 2006

CONSCIÊNCIA PÓSTUMA

Nada me importa deste lúgubre momento;
mesmo assim, o espírito apavora-se em
tenebrosos tormentos.

Fui apenas um reflexo do que realmente fui.
Assim sou eu, assim somos nós, para nossa
decadência ou nossa salvação.

Realizei quase tudo do que me foi permitido sonhar.
Para tantas outras, nem o sonho, conseguiram tolerar.

Um mortal crepúsculo vespertino toma-me,
e o sopro finito de vida abandona-me.
Neste momento, o que resta de mim?

E pensar que tive uma chance para viver,
e agora sobeja-me a eternidade toda para jazer.


Tombado, de permeio num recinto,
que em vida nunca tinha adentrado, encontro-me.
Longínqua, escuto a voz de um hiberbólico orador
referindo-se a mim, a despeito da ínfima distância
que nos separa.

Olho ao meu derredor; um rosto amigo, não consigo identificar.
Assusto-me sozinho, familiares, tardam a chegar.

Nesse momento, novamente, observo o meu corpo corrompido,
e ouço, como quem ouve de um espelho,
a falar-me, o meu reflexo sucumbido.

Dize-me: eis aqui um homem perfeito.
Perfeito não por essência, perfeito não por
aprimoração, mas, perfeito, por condição.

OPOR O SOL

Já é tarde, o crepúsculo faz as honras,
e a este respeito, nada podemos fazer.

Os olhos e a língua já se revelam escravos
de um desorientado silêncio.

Quero ir em quanto há tempo, tempo
de resguardar um pouco de vida.

Como me é penoso ver este triste fim demolir
tudo o que a esperança edificou em mim.

Cansei-me do sofrimento e de me machucar
trombando atrapalhadamente entre tuas pernas.

Então, assim, despir-me-ei da aflição: farei
do bar, o meu lar; do coração, a minha canção;
do sofrimento, o meu alento; e,
desta paixão, uma fugaz recordação.

CASO FORTUITO

Deixaste-me vivo. A razão, desconheço.
Todavia, sem saber, pior mal me causas-te.
Não me matas-te, é bem verdade, contudo,
destruíste-me.

Tamanha demolição provocas-te,
que só a duras penas recolho os meus cacos.

Assim, permaneço mudo, pois sinto que
não há no mundo gemido que expresse a minha dor.

Resignar-me, para mim, não é a melhor
saída, e sim, à única. Fica impossível ter
preferência quando não se tem escolha.


Vê só a forma tacanha em que transformas-te
o nosso amor. No que tu estás metamorfizada,
não me serve como vingança, antes, é uma questão
de justiça perante a vida; e, os poucos dias que te
restam, serão a tua própria penitência.

Oh, como é triste, nesta noite, ouvir os cães
sarnentos ladrarem debochadamente o teu nome,
pois, hoje, eles sabem que o teu ninho de amor é
indigno até para os ratos.

Meu DEUS, diga-me, qual a razão para tanto dissabor?
Explique-me, em que desventura fui aventurar-me.

LABORANDO A MINHA UNIDADE

Acusa-me de não ter estilo definido.
Com injustiça desumana, nega a minha unidade.

Pois bem, refuto de pronto a tua afirmativa,
e tentarei explicar-me.

Atente para o que escrevo.
O que escrevo é o que sinto, é o que sou.

Sou um vulção de sentimentos,
gosto do agradável gosto, e também,
com não raras exceções, do mau gosto.

Sinto alegria, frio e calor, tristeza, presença,
raiva, ausência e amor.

E para não mais delongar-me e acabar
irritando o meu querido leitor, digo a você,
desagradável amigo, que tipo de gente sou:
sou, na verdade, todas as emoções
confundidas dentro de um liquidificador.

LASCÍVIA NOTURNA

Os pedófilos daqui, escutem-me:
esta noite é uma criança gostosa de transar.

Podem até me chamar de devasso,
só não me peçam pra calar,
pois o meu falo, já sedento,
quer agora papear.

A lascívia, que por dentro nos abrasa,
a seus toques, ninguém há de reclamar,
porque o desejo há muito recatado,
nesta noite, dele, ninguém se afastará.

Solta a vontade, o prazer, o instinto;
liberta o que a hipocrisia tenta amarrar,
debocha da cara deles, dizendo:
assim não dá.

Vem, não teme; sob o meu guarda-chuva,
ninguém se molhará.
Os teus pudores, expulsa-os;
eles são a causa do nosso triste penar.

Se, mesmo assim, ainda receias,
ultimas palavras tenho pra te dar,
obedece teu sangue que arde nas veias,
e, depois, infelizmente,
tudo voltará ao seu lugar.

DESVÃOS ENAMORADOS

Quem és tu que bates à minha porta agora?
Mal escuto o teu chamado e já invades assim
a minha vida.

Ouve-me bem, limpa cuidadosamente os teus
pés antes de deixar marcas no meu tapete.

Pela tua presença, já ansiava. É pena que
ainda tenho medo, medo de que não compreendas
todas as emocões que te entrego sem vacilar.

Escusa-me, querida, pois, por hora, apenas
consigo oferecer-te palavras de temor e não de amor;
porém, entende-me: até o mais generoso dos sentimentos
necessita de uma quota mínima de carinho para sobreviver.

Minha flor, não te assuste com o que agora te falo,
contudo, a vida ensinou-me que, se não retribuíres
os meus carinhos, em vão te amarei.

A ALMA PESA MAIS QUE O CORPO

Que profunda tristeza te entorpece?
É o peso da alma que nada cresce, ou
sentir a vida se transformar em nada?

Sob o domínio de uma árdua dor, estás.
O silêncio, a tua boca emudece, porque
ouvido, DEUS sempre nega as falsas preces.

Alta conta paga pelos horrores que fizeste,
ó ser deplorável, não ama nem quando há
amor, e lança ao chão que a vida enaltece.

Sentimento caro te ofereço.
Nova oportunidade, debalde, busco te dar.

Paixão, lealdade, felicidade, afetos nobres,
que na vida, procuro encarnar, a tua alma
pobre, o amor, nunca soube almejar, a tais
pretensões, a penúria, não consegue arcar.

A AUTÓPSIA DA NOSSA HISTÓRIA

Arrastado pela corrente da sofreguidão,
atavés das coronárias da emoção,
a tua empáfia fez parecer marginal
o sentimento que te devotei.

Desesperar-me, este prazer te negarei,
pois uma alma enodoada de sangue aguenta
empedernida mais uma investida homicida.

Saiba menininha, que ao te amar, casei-me
com a dor, e, a gratificação que recebi por
haver dedicado tanto sentimento, é perene.
Não sinto nem Hiroshima habilitada para
falar em tamanha destruição.

No entanto, não direi que a expurguei
completamente da minha vida;
ainda guardo algo por ti. Mas saiba bem,
não é amor, saudade ou esperança, é, apenas,
uma ínfima lembrança.

DIVINDADE ASSAZ HUMANA

Logo eu que, desde que a vi, a amei,
e, sobretudo, ainda amo,
não sei por quanto tempo ainda a amarei.

Tu que iluminaste o meu caminho,
abrilhanta-me, sem perceber, o destino;
sobra-me seguir teus passos e noite
escura aguardar.

Passas por mim e agarro-te o vestido,
pois quero ir contigo, deixa-me ir contigo,
sozinho, aqui, não quero ficar.

Quero ir para onde fores, encarar, junto a ti,
os teus temores, e, quando o medo vier,
lembrar-me que o medo é teu.

Ver frente a frente o que te faz mundana,
olhar, na cara, o que te reclama a natureza humana,
e, assim, não mais endeusar-te.

Quero, uma vez que seja, que fujas comigo,
e quando tiver os músculos exauridos,
que entorne, boca a dentro, o fel dos enfraquecidos.

E que a dor te faça cuspir, o que a empáfia fez
pressumir, esquecendo-me dos lábios teus,
o beijo que nunca auferi.

Sentir que este enfermo te apeteça, e que as
lições ensinadas fiquem no coração e na cabeça,
e esperar que o amor aos poucos convalesça.

DISILUSÃO VELADA

Este ávido amor que me escapa,
arremesa e maltrata, ri de pirraça,
pelo já acordado sonho meu.

Decrépito e vencido, eu sigo aflito,
coração mal querido, carente e fingido,
dizendo que não sofreu.

Porque em suas mãos, entreguei a minha
vida, desprezo e malícia, foi o presente
que me deu.

Dormente de dor, permaneço na lida;
petulante atrevida sabes o quanto doeu?

Inutilmente, busco uma saída, quiçá,
a panacéia.

Se encontrasse, sem pestanejar a tomaria,
entornando-a por uma única via, pois o
bom velho sempre dizia: pior do que nunca
ter amado, é amar miseravelmente.

BOBO AMOR

Amei, amei sim, amei e não fui correspondido,
dos teus abraços fui preterido,
sigo apressadamente sem saber que rumo tomar.

Retornar, recomeçar, eu não consigo,
a mágoa fere o peito há muito dorido,
triste é partir quando a vontade é de ficar.

Não pude saciar os teus anseios,
desculpe-me, felicidade, a mim, não sobreveio,
porém, se ventura à vida faltar,
tristeza não há de falhar.

Desdenhar, não hei de fazer,
porque o amor, não consigo entender,
sei apenas que não é ele que faz-me sofrer,
mais sim, não ter sabido te amar.

QUANTO TRABALHO

Passa pela vida um vagabundo,
cujo ocupação é percorrer o mundo,
em voraz busca por você.

Única preoucupação muito lhe custa,
o que era prazer vira disputa
e a existência resume-se em medo de te perder.

Sei que, em vão, nada foi destruido,
pois o amor não jaz esquecido,
agora, nem morto ele está.

Apenas, em mim, deveras dormente,
o peito há muito não sente,
o que a tua ausência tratou de negar.

Lanço o olhar e a encontro lépida,
beijo-te a boca e fica intrépida,
observa-me e me sinto confuso.

Mágico toque faz-me esquecer,
que minha vida foi esperar e sofrer,
em consequência de completo desuso.

Thursday, May 11, 2006

PUNHAL

Este amor que ainda excita-me
é um punhal fincado no peito.

Com destreza violenta afasto-me,
mas uma perversa voz grita:
não tem jeito.

Ardilmente arquiteto uma fuga,
para assim, deste sentimento zombar;
inútil é minha investida,
pois é a mim que quero enganar.

O ardor do desejo frustrado,
ainda queima latente no peito.
Porque continuar amarrado,
quando por mim ele nutre despeito?

A história das nossas vidas cruzadas
remói e destrói tudo que creio.
Porque da tua vida não faço parte,
e ao teu amor não me dás direito.

Destarte, a lima do sofrimento,
faz-me partir sem direção,
pois o punhal aqui fincado
avança em vereda ao coração.

MICHELANGELO TAMBÉM ERROU

A tristeza ocupa a minha alma,
mas só a parte que dou à ela,
o amor veio e me arrancou a calma,
e todo meu desejo deságua nela.

Mas de que vale o amor, sem o ser amado?
Para que o anseio, se não pode ser saciado?

Mesmo assim, é nele que eu acredito, e, por você,
me levanto, sinto e grito: não canso de te querer.

Oh! o amor, escultor disfarçado de sentimento,
por vezes, faz de mim, formas belíssimas,
por vezes, me reduz a fragmentos.

NASCER, CRESCER, PERDER-SE E,SÓ ENTÃO, MORRER.

Destino sem baliza, vida sem morada,
a janela da oportunidade apresenta-se fechada.

Beco sem saida, em uma existência arriscada,
a alegria já encontra-se adormecendo debruçada.

Ânimo desfalecio, pernas fraquejadas,
se a vida nega-me a morte já é esperada.

Situação incômoda, angústia desenfreada,
se minha presênça tornou-se um estorvo,
então regurgite esta companhia indesejada.

A um coração ignóbil, palavras, em vão são lançadas;
perdão, resignação, nada cura a alma dilacerada.

Entretanto, apesar dos pesares, não me furtarei do prazer
de na ninha lápide, exprimir-me por escrito que:
aqui, eu jazo.
Contudo, fui um homem em que a volúpia foi meu bom vício;
a paz, o meu princípio; e, viver, foi só amar.

À PRIMEIRA VISTA

Existias, em mim,
mesmo antes de nascer.

É a primeira vez que te vejo,
e ao teu ouvido, falar-te, sinto
desejo: querida, como é bom te rever.

Se no que eu acreditava fosse verdade,
enganado agora, eu estaria; pois do
amor ausente não sentia saudade, mas,
por você, até ontem sofria.

Fito o teu olhar com voraz persistência,
que sinto no peito a tua meiga presença;
ó meu bebê, és muita tentação pra
pouca resistência.

QUIMERA DE AMOR

Um esquivo olhar te dou;
em troca,
tua fugaz visão percebo.
Por acanhado ser que sou,
apenas a tua ausência recebo.


Mas a tua falta facilmente se desfaz,
ao te encontrar alegremente nos meus sonhos,
sinto que é você que eternamente me compraz,
ao deleitar-me com o fulgor dos teus encantos.

Este é o amor que a vida me reservou,
que parece pouco aos olhos alheios,
no entanto,
por desavergonhado ser que sou,
a esta dor me entrego sem receio.

Chame de delírio se quiser,
ou ria desse desejo infeliz,
a verdade é que apaixonei-me pelo um brilho de mulher,
em todos, a ilusão nasce do desejo de ser feliz.

BARGANHA INFELIZ

Mesmo querendo ser teu não poderia,
pois o amor é única via,
em que se vai e não se sabe voltar.

Deleite mórbido me abraça,
percebo que tudo é desgraça
e continuo gostando de voçê.

Chorando sempre em silêncio,
tento, enfim, apagar o incêndio,
em que queima sozinha a solidão.

Ironia da vida faz-me sentir,
que apesar do quanto sofri,
o leilão do amor mata-me de rir.