Friday, December 21, 2007

ORAÇÃO AOS MEUS AMIGOS

Só realizamos aquilo que nos permitimos sonhar.
Por maior dificuldade que nos tentou abater,
Por tão árduo caminho obstinado a nos deter,
Persistimos iguais, a quem, o medo, se pôs a ignorar.

Logo nós que ainda nem sabemos viver...
Não nos sujeitaremos, nem por um momento, vacilar,
Nada exigimos e tudo já queremos conquistar,
Assim é a vida de quem nela quer vencer.
.

A luta nunca finda para os que desejam continuar.
Todavia, contemplemos agora a nossa vitória florescer;
Prossigam, raios de sol, impávidos, intrépidos a arder.
Cá chegamos. Que nos permitamos, além, sonhar.

Thursday, December 13, 2007

SONHOS E DESEJOS

Vida, de sonhos, feita.
Sonhos de vida perdida,
Esperança de paixão esquecida,
Amor que o teu amor rejeita.

O bem-sentir, com sutileza, enfeita,
Mentira, da tua beleza, adormecida.
Dormência que me provoca ferida,
Ferida que, a cura, não aceita.

Sonho vão, sonhos vão, sonho ido,
Aspecto risonho, coração destruído;
Farsa amiga, cativa da minha usança.

O desejo sinaliza o quanto hei perdido,
Pois o amor fraco, cobarde, combalido,
Sucumbe e eterniza-se na lembrança.

EU TENHO A MIM, E, DE COMPANHIA, A SOLIDÃO.

Do alto da mais cruz agonia,
Devora-me um quê de tristeza.
Todo amor fez-se avareza:
Restam-me sobras e nostalgia.

Ermo do mais descampado destino,
Vou-me enamorado proscrito,
Amaldiçoado com dor e sem grito,
Silêncio dum fracassado ladino.

Embora tendo conhecido o amor,
Unido ao teu embriagante frescor,
Tornei-me cativo da solidão.

Inclinação da alma para o horror,
É meu o inaudito grito de dor.
Sinto-me trevas, pura aversão.

O AMOR E AS NOSSAS CONTRADIÇÕES

Quem me malquer me é credor.
Na contramão das nossas intenções,
Seguimos carregados de contradições,
Não nos foi diferente também no amor.

Quis o teu bem, e só te fiz o mal;
Quiseste o meu mal, e só me fizeste o bem.
O amor deveras nos é paradoxal,
Te amo e sei a quem tu amas: ninguém.

És desejo de estar ausente quando perto,
E desejo de estar perto quando ausente.
Se tudo o que se apresenta me é incerto,
É por inteiro sentir o que o coração só sente.

Se num dia caça, no outro caçador;
Se num dia mata, no outro sofre a dor.

EU CRUCIFICADO

De qual vil ventre mendigaste a luz?
Encerras pobreza, vagas desterrado,
Recusaste a vida, monstro torturado,
Deleita a morte suspenso a cruz.

A tua indigência, aos fracos seduz.
Tanta fraqueza é que te faz amado,
Quantas injustiças e ficaste calado,
Macabra imagem que ao povo conduz.

Ascende da humana sepultura;
Galga pelo céu, almeja cura.
Embalde: os homens são animalescas trevas.

Confio o meu ser aos vermes da terra.
Quem nega a carnal morada, erra.
Entrego-me ao mundo, lanço-me às feras.

CONDIÇÕES PARA SER FELIZ

Se esta dor que me destrói o peito,
Transpusesse o espírito que sofre;
Se o amor que surge e logo morre,
Pudesse nos cristalizar ao infinito.

Se a dor que se agita em meu grito,
Valesse-me o ardil que te socorre,
Se meu destino atingisse onde foges,
Amar-te seria o meu derradeiro fito.

Se eu morresse toda vida por te amar,
Para que vivesse um segundo a delirar,
Delirar em tua ignara boca; falsos seios...

Se em humano sentir eu falasse meus anseios,
E tu me amasses metade do que te amo,
Eu teria, em dobro, o amor que reclamo.

Monday, May 28, 2007

O MEU AMOR TEM UNS OLHOS...

O meu amor tem uns olhos, olhos que por tudo choram, e que, a todos , fazem chorar.
São olhos tristes, opacos; olhos que refletem saudades, reluzem esperança. O que mais buscam em seu cismar?

Oh, meu amor! Os seus olhos... São os seus olhos que me fazem chorar.
Buscam, no meu peito, calor; nas mãos, uma flor; e na vida, amar.

Travas cerradas da alma, antigo mistério do meu coração.
São dois olhos, dois sóis, são dois mundos e uma só perdição.

Dê-me um beijo, a vida; leve-me conduzido por uma violenta emoção.
O meu amor tem uns olhos, olhos turvos, olhos d’água, olhos mar, olhos da cor do mar, do mar do Maranhão.

Wednesday, May 23, 2007

EXTREMADO AMANTE

Quando as luzes se apagam,
Lanço o olhar a uma estrela,
Beijo as mãos que me afagam,
É amor, como esquecê-la?

Viver sem, do amor, a presença,
Não quero nem me permito,
Dum momento se faz infinito,
Se estou sob a tua ausência.

Toma-me, por fim, em teus abraços,
Une dois corações num só laço,
Me cuida, me ama, me torna ovante.

Sou eu quem te exalta em altos amores,
Quem te oferta poemas e flores,
Sou eu, teu amante, o teu extremado amante.

Wednesday, May 16, 2007

LÚBRICO ENAMORADO

Aos olhos, me fiz sátiro da carne,
Depauperado ao último pulsar;
E dos cosmos gelados às cidades,
Me pus, por fás, a mais querer te amar.

Com força, vens e me crava os dentes.
Beijo tens que me faz gemer, tremer...
Tocar-te os seios furtivamente,
É gelar nos perdidos pólos, mas arder.

O todo defeito se fez amado,
De um ser perfeito, idolatrado,
Num beijo, num suspiro de desejo.

És luz que me invade e me devora,
Clarão que me aplaca a cólera;
Raio me cega e melhor te vejo.

Thursday, May 10, 2007

PERCO COM PRAZER


Eu sou santo, sou sacro;
Sou crime ante o diabo.
No meu coração a tua lembrança.
Não guardo rancor, só esperança.

Pago qualquer preço,
Para teu apreço,
Pela última vez, desfrutar.
Quem morre por amar?

O ar já me foge
e a sorte anda perdida.
mas de amor não se morre,
Perde-se a vida.

Thursday, April 19, 2007

ATÉ O FIM

Homenagem à Lavoisier.
"Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma."


Quando se perde o que mais se ama,
É dor, é dor de morte o que se sente.
É possuir o céu e sucumbir na lama,
É seguir vivo com o coração dormente.

A ilusão, em tudo, me fez crer;
Hoje és uma impossibilidade.
Desfazer-me de tanto querer,
É abdicar da própria felicidade.

Eu te levarei arraigado no peito.
Feliz da alma que no amor insiste.
Se para o desejo não existe jeito,
Então, o túmulo será meu limite.

Meu dourado sonho tudo criou,
Minha amarga vida tudo perdeu,
Porém, dentro de mim, nada mudou.

Thursday, March 15, 2007

LEÃO MARANHÃO

Marx dizia: só a luta transforma a sociedade,
O povo assim muda em busca de felicidade.

Patifes usurpadores, do meu povo sois chacais,
Privam-nos do que é nosso, rapinando até não poder mais.

Mais o Leão adormecido, contra os seus lobos, a pata põe em riste,
E os cães assustados, ladram acovardados, aguardando o seu fim triste.

O mal, do mal vem sofrendo,
Entre si, os cretinos já se vão corroendo.

Ruge Leão e solta o ar quente de dentro do peito,
As pessoas que te compõem, tornam-te perfeito.

És livre agora, ruge Leão!
E leva a felicidade em teu coração.

-Ouve-me povo do meu Estado,
Pois em nordestino rugido
Eu vos digo o que estava calado:

Sarney, já foi rei;
Roseana, não mais engana;
E o futuro da oligarquia do Maranhão,
Vai ser magro feito o lobão.

Friday, March 02, 2007

CONFESSO

Em um ato público,
Numa demonstração direta,
Meus olhos confessam, explicitamente,
Caírem, ainda, de amores por ti.

Ao ocultar-me o que eu sinto,
Fico cativo do inconfessável.
Se os sentimentos, por ti, eu minto,
É porque a ti mente um ser lastimável.

No mais recôndito da alma,
Aflora vivo o que se apresentava morto,
Traio-me sem amargura ou desgosto,
Pois doce é o vacilo de quem não é amado, mas ama.

Grito e arranco de mim este mistério;
Por te amar, ando a descrer do medo,
Pois do medo, o amor é o remédio.
Por isso exponho, ao mundo, o meu segredo.

Tuesday, February 13, 2007

NUNCA MAIS

Para sempre estará perdido o amor que enalteço.
A vagar confuso e louco,
Me escapa o que se passou há pouco,
Mas, de ti, eu nunca esqueço.

Somente, a ti, amei;
Apenas, por ti, fui amado;
O fel da vida, à boca, entornei,
E o amor foi sendo esquecido e trucidado.

Existir sem a tua companhia,
É sobreviver na mais áspera agonia.
É ter, no peito, tanta emoção,
E padecer esmolando por um coração.

Viver, sem te ter, é passar por tudo e nada aprender,
É morrer cem vezes sem desaparecer.

Saturday, January 13, 2007

A NINGUÉM SABE AMAR

Cale essa boca profana,
Que de todos reclama,
E a ninguém sabe amar.

As mãos bem fechadas,
A tua cara lavada,
Elas querem encontrar.

Errei, sei que errei,
E o meu erro, não posso mudar.

Mas ele não te dá o direito,
De ao meu respeito,
A todos mal falar.

Se, fazer-me mal, ainda insiste,
Saiba, isso não mudará a tua vida triste;
Senhor iluminai-a, para que não mais
Perca tempo com coisa que não existe.


Friday, January 05, 2007

VIDA AFLITA

Os mortos se riem da gente.
Um espectro risonho falou-me:
Porque sofrer? A passagem
Não se sente.

-Não me deixe ir.
-Dizia Concita, à vida, aflita.
-Apesar dos muitos pesares,
Vivo feliz esta existência dorida.

-Todavia, parta contente.
Por certo, outros sofrerão
Mais a frente.

Surpresa, será o teu fim, mas, se
Não for assim, que, ao menos,
Tanto cá como lá, não reclames
De mim.

A vida já te finda a vida.
Então, despede-se e não
Te furtes de uma suicida partida.

Jaz sem, a ninguém, deixar saudade,
Insalubre criatura, morre cedo e já vai tarde.

De único consolo, terás a dormência;
A inexistência é a ausência
Completa de consciência.

Thursday, January 04, 2007

O TEMPO NÃO EXISTE SEM VOCÊ

O céu e a terra não nos cabem,
E o tempo já não pára,
Penso; concluo que não existo. Sangro, não sara.
Da vida, os homens nada sabem.

O amor só se torna antiquado,
Quando, em nós, ele não mais existe,
Se a mim diriges olhos tristes,
Mais tristes que os teus olhos é o meu presente-passado.

No futuro, me ponho a sonhar,
Beijá-lo, assim como aos teus lábios, nunca pude,
Festejam a esquivar-se de uma alma rude,
Que, aos dois, obstina-se a esperar.

A quem, o tempo, a eternidade negou,
Com migalhas foi acostumado,
Não pôde viver do passado,
Tampouco, no futuro tocou.

De migalha de tempo, lhe restou o presente,
(Desponta em seu rosto um sorriso indolente),
que sobeja com folga a quem tem um ideal.

Arrebatado por um sentimento inclemente,
Viver o agora, é te amar loucamente,
Sem se preocupar com o momento fatal.

APENAS BEM, À VIDA, FAZ EM TEIMAR TE AMAR.

Agora vou gritar,
O que a falta tua me fez calar.

Dizem que algumas coisas não mudam,
Contudo, aqui dentro, tudo mudou.

Sendo como realmente sou,
Busco a felicidade que me faça sorrir.

Pior mal, fui eu que sofri.
É impossível a um ser amargurado,
Fazer, de outro, aventurado.

Mea culpa, mas não só minha; amputam-nos os sonhos,
Para as propagandas nos enxertarem outros planos.

Fizeram-nos desejar carro novo,
Moet & Chandon e roupa de grife.

Mas, na verdade, carecemos é de amizade,
Muitos graus de liberdade e, no nosso amor, ter fé.

O que estou a dizer é que,
Felicidade, não se encontra na TV.

Vamos à busca do amor, da vida, o principal;
E saber que, acessório, é superficial.

Há muito que confundem o meu desejo,
E o meu triste ensejo foi, de ti, me ausentar.

De empáfia me armei, errei, eu sei;
Pranto triste, o meu pecado, expiará.

Perceba-me; avarento, não mais sou.
O vento, de mim, o tormento soprou.
Apenas bem, à vida, faz em teimar te amar.