Deixaste-me vivo. A razão, desconheço.
Todavia, sem saber, pior mal me causas-te.
Não me matas-te, é bem verdade, contudo,
destruíste-me.
Tamanha demolição provocas-te,
que só a duras penas recolho os meus cacos.
Assim, permaneço mudo, pois sinto que
não há no mundo gemido que expresse a minha dor.
Resignar-me, para mim, não é a melhor
saída, e sim, à única. Fica impossível ter
preferência quando não se tem escolha.
Vê só a forma tacanha em que transformas-te
o nosso amor. No que tu estás metamorfizada,
não me serve como vingança, antes, é uma questão
de justiça perante a vida; e, os poucos dias que te
restam, serão a tua própria penitência.
Oh, como é triste, nesta noite, ouvir os cães
sarnentos ladrarem debochadamente o teu nome,
pois, hoje, eles sabem que o teu ninho de amor é
indigno até para os ratos.
Meu DEUS, diga-me, qual a razão para tanto dissabor?
Explique-me, em que desventura fui aventurar-me.
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