Tuesday, December 30, 2008

365 DIAS, 4 HORAS E UNS QUEBRADOS

É certo que o amor não virá.
Nada obstante, se ainda vier,
Chegará, hoje, perto da noite.
As bestas são mesmo fiéis
Para com quem as maltrata.
Esperada, talvez eu te ame,
Ou, quiçá, te mate de amor.
Um suicida e outro equívoco...
Que infeliz idéia abriu a porta
E penetrou na casa mortuária?
Entristeço, pois o final do tempo,
O final do mundo, o final da vida...
É só o final do ano que se avizinha!

TRISTEZA DE EUCALIPTO

Fotografias antigas achadas.
Lembrança de natal perdido.
Tristeza, árvore de eucalipto.
Coração de hélice, remexido.
São saudades, foram tantas...
Iniqüidade nos rói, macaca;
E, por desgraça, sou espanto.
Vai-te, oh, insuportável canto!
Por ser só, guardo-me infanto.
Chuva sob os pés não molha,
Temporal no barracão devora.

Monday, December 08, 2008

AINDA ASSIM, TE AMO.

A meu filho, que me acorda quando estou cansado,
E que me faz jogar bola quando estou indisposto.
A ele, por me obrigar a passar a mão em sua bunda melada,
E por urinar o meu rosto quando estou desprevenido.
A meu filho, por adoecer quando estou sem dinheiro,
E pela honra de me envergonhar na frente de todos.
Por me tornar ressabiado, desassossegado por tudo.
A ele, por mexer na tomada, subir a escada, quebrar
porta-retratos e destruir as plantinhas da vovó.
A meu filho, pelas noites em claro, pelas olheiras.
Por rasgar os meus livros, as minhas poesias inéditas,
e por perturbar, com seu choro, as minhas inspirações.
Enfim, todo o amor, dedico a ele que me permitiu brincar de Deus,
criando a vida, forjando a felicidade e moldando o destino.

Thursday, December 04, 2008

BOLA DE CRISTAL

Quão errada é a minha previsão!
Digo: enche! Vaza a maré.
Sirene toca, erro quem é.
Quero dia. Faz-se noite.
Peço: fica! Logo vais embora.
Cachorro late. Quede a permissão?
Que vá pro inferno minha premonição!